Alimentos corretos e vida saudável ajudam a diminuir os incômodos
A cólica é a sensação dolorosa da contração da musculatura do útero
Foto: PhotoExpress
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Todo o mês ela aparece e quando vem, traz uma série de problemas. É o seu companheiro que não aguenta e reclama do seu humor e você fica aos prantos com um simples toque. Chegou a síndrome pré-menstrual. Síndrome? Sim, estamos falando da conhecida e temida TPM.
A ginecologista e diretora administrativa da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Rio Grande do Sul (Sogirgs), Maria Celeste Osório Wender, explica que o termo "tensão pré-menstrual" não é o mais adequado.
— Tensão é um dos itens que compõe este quadro, repleto de sinais físicos e emocionais e que acompanham o período que antecede a menstruação — diz.
A incidência da doença também varia bastante. De acordo com a médica, cerca de 60% das mulheres, em alguma fase da vida, principalmente na adolescência e juventude, vão sofrer com algum sintoma da síndrome em algum momento da vida. E ela alerta:
— A síndrome pré-menstrual tem que surgir na segunda metade do ciclo e, necessariamente deve desaparecer logo depois que a mulher menstrua.
A
TPM, como é popularmente conhecida, não tem uma causa especifica, ela simplesmente acontece. Essa flutuação hormonal ocorre em algumas mulheres e, a mulher vai de 0 a 100 em um minuto.
— O humor muda, tudo muda neste período. E por incrível que pareça, as mulheres reconhecem quando estão com estes sintomas — afirma.
Mas a especialista lembra que, quando os sintomas atrapalham a vida da paciente, esta síndrome pode ser grave.
— A Síndrome Disfórica Pré-Menstrual é a forma mais grave da doença e geralmente ocorre entre 1% e 3% da população. O diagnóstico desta síndrome é feito quando a mulher apresenta vários sintomas de forma acentuada e que prejudicam a rotina da pessoa — alerta.
Maria Celeste, cita, abaixo quais os sintomas mais comuns da desordem. Confira:
Sintomas Emocionais
:: Choro fácil;
:: Tristeza em excesso;
:: Aumento ou diminuição da libido;
:: Excitação fácil;
:: Raiva;
:: Ansiedade e irritação sem causa aparente.
Sintomas Físicos:
:: Dor e sensibilidade nas mamas;
:: Cefaleia;
:: Inchaço abdominal;
:: Retenção de líquidos nos membros inferiores;
:: Cólicas (saiba mais sobre a cólica abaixo);
:: Aumento ou diminuição do apetite;
:: Dor no corpo;
:: Cansaço.
Apesar de esses sintomas serem os mais comuns, a ginecologista diz que nem todas têm que, necessariamente, tê-los.
— Varia muito de pessoa para pessoa. Uma mulher pode sofrer com dor de cabeça, enquanto outra, está muito bem.
Como tratar a síndrome pré-menstrual?
Existem várias formas de tratar a
“TPM”, tudo vai depender da intensidade dos sintomas.
— Normalmente, tratamos a síndrome com a mudança de hábitos alimentares. A mulher deve diminuir a quantidade de bebidas estimulantes, como café e refrigerantes, comer menos gordura e mais alimentos saudáveis e praticar atividades físicas regularmente, além do auxilio dos anticoncepcionais — explica Maria.
Quando na forma mais severa, deve-se seguir todos os passos acima e aliar o uso de medicamentos específicos, como antidepressivos. Mas tudo deve ser feito e analisado pelo seu médico de confiança.
A nutricionista Francielly Crestani, do Hospital São Lucas da PUCRS, dá dicas de alimentos que podem ser utilizados durante a síndrome e quais devem ser evitados:
Alimentos que ajudam a aliviar os sintomas:
:: Contra a ansiedade e irritabilidade
— Indicamos o uso da vitamina B6 que alivia dores de cabeça e a irritabilidade. A vitamina B6 é encontrada no feijão, carnes magras e verduras. As fibras também desempenham um papel importante contra estes sintomas. Elas ajudam controlar o intestino, mantém a imunidade em dia e eliminam as toxinas. Estão presentes nas frutas, legumes e verduras. E, por fim, a vitamina E, também é ótima para a síndrome, e é encontra no azeite de oliva e na gema de ovo — diz.
:: Fadiga, dores de cabeça e apetite por doces
— O magnésio ajuda a relaxar a musculatura e diminui a vontade de comer doce. Está presente na aveia, beterraba, amêndoas, castanhas e banana. O zinco, que é encontrado em carnes em geral, principalmente no fígado, também desempenha um papel importante para a saúde. Novamente, aparece a vitamina B6 e a vitamina C, que você pode encontrar na laranja, abacate e tomate.
:: Retenção hídrica
— O magnésio e a vitamina B6, são excelentes fontes de alivio da retenção hídrica, como o potássio que é encontrado na banana, água de coco e linhaça.
:: Câimbras
— As câimbras ocorrem pelo desequilíbrio de sódio e potássio que favorece a entrada de cálcio, então os alimentos mais indicados, são os ricos nestas substancias como leite, queijos e derivados e, no potássio, banana e nozes.
— A soja e a linhaça regulam os níveis de estrogênio e progesterona, respectivamente. Em equilíbrio, esses hormônios femininos ajudam a aliviar os sintomas da TPM — explica a nutricionista
:: Beba água
— A água é importante para hidratar o corpo além de aliviar a retenção de líquidos — diz.
Alimentos que não devem ser consumidos
:: Chocolate
— Na verdade, o chocolate pode ser consumido com cautela. Na TPM, o corpo sofre com a deficiência de magnésio. O chocolate é rico neste nutriente e seria uma alternativa para controlar isto, além de estimular a produção de serotonina (o hormônio da ‘alegria’). Em contra partida, se consumido exageradamente, o chocolate piora os sintomas pois apresenta alta quantidade de gordura e cafeína — explica.
:: Café
— O café atua no sistema neurosensorial acentuando a irritabilidade e a tensão, e sobre o sistema rítmico, acelerando o coração.
:: Chá preto
— O chá atua no sistema digestivo e provoca constipação, portanto, deve ser evitado.
:: Chá mate
— Também é estimulante, mas não é tão forte quanto o café, porém, quando utilizado no chimarrão, fica superestimulante.
:: Guaraná
— O guaraná, em pó tem três vezes mais cafeína que o café. Portanto, não é recomendado.
:: Refrigerantes
— Além de formar gases, os refrigerantes à base de cola contém cafeína — diz.
:: Sal
— O sal e os alimentos ricos em sódio retém líquido e agravam o inchaço.
:: Álcool
— O álcool diminui a absorção da vitamina B6.
A dolorosa cólica
A ginecologista diz que a cólica é a sensação dolorosa da contração da musculatura do útero.
— A grande causadora da cólica é um hormônio chamado prostaglandina, que em excesso, provoca as contrações.
Basicamente, a cólica é definida em dois tipos: a primária, que é o tipo comum, que a maioria das mulheres tem e, a secundária, que provem de outra doença como a endometriose e os miomas. O tratamento geralmente é feito com antiinflamatórios e remédios que inibam a prostaglandina.
— Somente um médico pode receitar estes medicamentos — alerta.
Mitos da cólica
Maria Celeste destrói alguns mitos comuns que acompanham a cólica:
:: Andar de pés descalços dá cólica?
Não dá. Isso é um mito.
:: Posso lavar a cabeça estando menstruada?
Pode. Não tem nenhuma evidência cientifica quanto a isso.
:: Posso fazer exercício físico com cólica?
Pode, mas é necessário avaliar se a mulher tem condições de praticá-los, já que a dor pode atrapalhar um pouco.