Volto a Aurélio para verificar “semiárido”, não acho (mesmo semi-árido, como deveria estar). Outro dicionário e nada! Estranho! Net: wikipedia, essas coisas... Certamente acharei algo: muitas informações. Bem, eu mesmo definirei, pois diante de tantas informações distintas e mesmo da falta delas, o semiárido não deve ser o mesmo nas diferentes partes do mundo.
Pois é, infelizmente terei de decepcionar os mais metódicos ou os acadêmicos extremistas, já que vou partir do meu ínfimo repertório e percepção para avaliar algo que me revolta, não por ver acontecer, mas por ver como aceitamos passivamente tal fato. Falo do fornecimento de água na cidade de Mossoró. É isso mesmo! Fornecimento de água!
Não precisa ler o jornal ‘A’ ou ouvir o programa ‘B’ para ao menos saber que o problema existe e afeta a vida de muitas pessoas. A mim, nessas horas, não interessa muito a avaliação que economistas, publicitários, políticos ou investidores nacionais, internacionais ou mesmo locais fazem de nossa situação econômica, pois, se o país e, consequentemente, Mossoró cresce economicamente bem, eu e você precisamos no mínimo tomar banho de manhã cedo para crescermos também – já que hoje em dia não mais cogitamos beber a água que nos é fornecida pela companhia contratada para tal, já que cuidam tão mal dela.
Não raramente ouvimos de políticos, estatutários e empresários que a nossa região é seca e a água que de fato abunda em certas localidades tem de ser levada a outras mais distantes. O sertanejo, ao ver seu terreiro estalando de quente e enrugar a cara para livrar a vista do sol escaldante, lembra que foi sempre assim, se cala e espera o ‘benefício’.
Imagino quantas décadas mais serão necessárias para se quebrar esse paradigma e nos livrar do estigma do ‘nordeste seco e ingrato’. Somos e seremos habitantes do semiárido nordestino até que a profecia do Al Gore se cumpra e venhamos a ter mais chuva, mas até lá temos muitas saídas para o problema do abastecimento de água, da seca. Eis minha definição! Não podemos nos livrar do clima, mas podemos combater a ingerência estratégica que nos impede de ter o básico, pelo qual pagamos caro.
Por fim, me pergunto qual seria a justificativa para uma cidade como Mossoró, com tanto chão andado e tantos potencial declarado, ainda sofra, como hoje sofre, com falta de água. Não falo de um problema mecânico que ocasionou um período sem água ou da escassez de água nos reservatórios que ocasionou a diminuição do fornecimento, mas falo desse problema crônico que nos persegue. Sei bem que, por vontade de nossos representantes ou da justiça, vamos continuar sustentando gerações de empresários fajutos e, em troca, ficamos com sede.
Extraído do blog de Anibal Mascarenhas