Militares armados patrulharam principais praias da cidade
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Sem grande parte da polícia nas ruas, a cidade de Salvador, uma das mais preferidas por turistas portugueses no Brasil, ficou nas mãos de grupos criminosos, que têm promovido uma verdadeira matança. Desde o início da madrugada de quarta-feira e até às 13h00 deste domingo, ou seja, em menos de cinco dias, pelo menos 78 pessoas foram assassinadas em Salvador e em outras cidades da região metropolitana.
Este número de homicídios é nada menos que 129% acima do que o registado em igual período da semana anterior. De quarta até às 13h00 de domingo da semana passada, quando o policiamento era normal na capital da Bahia, ocorreram apenas 34 crimes de morte.
Fonte: Correio da manhã/pt
Fonte: Correio da manhã/pt
Além dos homicídios consumados, há dezenas de outros tentados, que deixaram grande número de feridos, alguns em estado grave. Largas dezenas de lojas e residências foram assaltadas, e grupos criminosos promoveram arrastões em vários pontos da cidade, levando o pânico aos habitantes.
Neste domingo, forças do Exército e da Força Nacional ergueram barreiras em diversos pontos estratégicos de Salvador e realizaram operações stop em outros locais, tentando mostrar a presença do estado e, além de tranquilizar a população, desmotivar criminosos da prática de outras acções. Mesmo assim, só este domingo, foram registados oito homicídios, quase o triplo dos registados no domingo passado.
Grande número de eventos públicos, nomeadamente espectáculos musicais e os tradicionais desfiles de bandas famosas que caracterizam o pré-Carnaval em Salvador, foram suspensos por falta de segurança. Mas, com uma forte presença de militares armados até aos dentes nas principais praias da cidade, habitantes locais e turistas puderam neste domingo divertir-se no primeiro dia de lazer desde o início da greve, lotando os areais e bares da orla.
POLÍCIAS QUE LIDERAM GREVE SÃO CAÇADOS EM SALVADOR
Os principais líderes da associação sindical da polícia do estado brasileiro da Bahia, que está em greve desde a passada quarta-feira reivindicando melhores salários e condições de trabalho, estão a ser caçados na capital estadual, Salvador. Militares do Exército e da Força Nacional enviados de outros estados, tentam neste domingo cumprir a decisão do Tribunal de Justiça da Bahia que, a pedido do governador do estado, Jaques Wagner, do Partido dos Trabalhadores, considerou a greve da polícia ilegal e decretou a prisão dos 12 principais líderes do movimento.
Um deles, o soldado Alvin dos Santos Silva, foi preso ao amanhecer deste domingo. Ironicamente, este era o único dirigente da associação sindical da polícia que não entrara em greve, e foi preso pelo seu próprio comandante, major Nilton Machado, de quem era auxiliar directo, ao apresentar-se para trabalhar na companhia de polícia ambiental, em Salvador.
O cumprimento dos outros 11 mandados de captura deve ser mais difícil, pois a maior parte dos líderes sindicais está refugiada desde quarta-feira dentro do palácio da Assembleia Legislativa da Bahia, no Centro Administrativo de Salvador e, se as tropas tentarem invadir o local, haverá um banho de sangue, pois os grevistas levaram o seu armamento para o parlamento. Mas os grevistas também não podem sair, tanto que o presidente da associação sindical, Marco Prisco, que é cardíaco e passou mal, não teve como procurar ajuda médica num hospital da cidade e foi socorrido por uma enfermeira.