Deputada foi flagrada em vídeo recebendo dinheiro de homem que delatou esquema no DF
A deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF), flagrada em um vídeo recebendo dinheiro de origem supostamente ilícita, admitiu nesta segunda-feira (14) ter feito caixa dois na campanha eleitoral de 2006, época em que a gravação foi feita, quando tentou uma vaga no Legislativo do Distrito Federal.
Em nota, a parlamentar alega que os recursos entregues por Durval Barbosa, delator do chamado mensalão do DEM, foi usado sem ser contabilizado.
“Durante a campanha eleitoral de 2006 estive algumas vezes no escritório do senhor Durval Barbosa, a pedido dele, para receber recursos financeiros para a campanha distrital, que não foram devidamente contabilizados na prestação de contas da campanha”, diz o texto.
No comunicado, Jaqueline afirma ainda que aguarda uma resposta do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre um pedido feito por seus advogados de defesa “para tomar conhecimento completo do teor do vídeo”, divulgado pelo site do jornal O Estado de S. Paulo.
Nas imagens, a deputada aparece recebendo dinheiro de Barbosa, delator do escândalo que custou o cargo do ex-governador do DF José Roberto Arruda (ex-DEM, atualmente sem partido), que chegou a ser preso. Arruda nega envolvimento com o caso.
Jaqueline, que tem contra si pedidos de investigação no Supremo e na Câmara dos Deputados, informou ainda que, “por recomendação médica”, entrará de licença por cinco dias no Congresso.
Mais dinheiro
Também hoje, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse que a deputada pode ter recebido dinheiro em outros encontros além do que foi gravado.
Segundo Gurgel, o próprio Durval Barbosa afirmou, em depoimento ao Ministério Público, que os valores entregues a Jaqueline não ficaram restritos apenas aos que aparecem nas imagens.
- Ele [Durval] se referia àquelas imagens e faz referências de que teria havido outros pagamentos.
O procurador-geral disse que o Ministério Público tem poucas dúvidas sobre a origem desses recursos.
- Tudo aponta no sentido de que seja ilícita.
De acordo com Gurgel, Durval contou que o dinheiro dado a Jaqueline foi “uma retribuição para sua campanha eleitoral”. No momento em que a gravação foi feita, em 2006, a parlamentar concorria a uma vaga no Legislativo do DF pelo PSDB.
- O contexto da [operação] Caixa de Pandora [da Polícia Federal] de modo geral se relaciona à campanha eleitoral.
O procurador admitiu, no entanto, que o relato de Durval sobre Jaqueline, que é filha do ex-governador Joaquim Roriz, “não é rico em detalhes”. Por este motivo, disse ele, será necessário aprofundar as investigações.
As investigações sobre o mensalão do DEM se tornaram públicas no fim de 2009, após a Polícia Federal deflagrar a operação Caixa de Pandora.
Consequências
Na semana passada, Gurgeu entregou ao STF (Supremo Tribunal Federal) um pedido de abertura de inquérito para apurar as acusações contra Jaqueline.
No Legislativo, o Conselho de Ética da Câmara (órgão responsável por abrir processos e apurar denúncias contra deputados) começa a analisar o caso na quarta -feira (16). O líder do PSOL, Chico Alencar (RJ), já avisou que, no dia de instalação do órgão, vai entrar com um pedido de cassação da parlamentar.
A bancada de deputados do Distrito Federal se reuniu nesta segunda e decidiu também pedir a abertura de investigações.
Do r7.com