Foto: Divulgação
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O pedido de suspensão veio depois que a Anac recebeu informações da TV Globo de que a companhia "estaria adotando práticas que podem ferir tanto o Código Brasileiro Aeronáutico quanto as regras da agência".
Na tarde de ontem (16), o órgão disse ter recebido cópias de supostas anotações feitas por pilotos relatando problemas técnicos recorrentes na aeronave de prefixo PR-NOA, que não está envolvida no acidente. A Noar possuía dois aviões LET-410, e, com o acidente, apenas a PR-NOA estava realizando voos.
Segundo a Anac, as anotações dos pilotos deveriam constar no livro de registro de voo e no diário de bordo, conforme orientações tanto da Anac quanto da Instrução de Aviação Civil.
O material recebido pela Anac foi encaminhado para análise técnica e, caso as informações sejam confirmadas, serão anexadas ao processo administrativo aberto para verificar as causas do acidente e as condições técnicas da empresa.
Além disso, de acordo com a Anac, a empresa pode sofrer multa e até ter sua licença de operação cassada.
OUTRO LADO
Segundo a Noar Linhas Aéreas, a Anac "solicitou à companhia que apresente explicação sobre a existência de um documento auxiliar de registro de aeronavegabilidade'.
O documento, diz a Noar, contém observações dos tripulantes sobre a aeronave. A Noar afirma que implantou um sistema auxiliar para ampliar a segurança de suas aeronaves, e que as observações dos pilotos contidas no documento poderiam, após serem analisadas pela companhia, virar ordens de manutenção.
Entretanto, ainda segundo a empresa, o documento foi furtado da empresa nos dias seguintes à tragédia. A Noar afirma que fez boletim de ocorrência na polícia e que isso não não irá prejudicar a investigação relativa ao acidente, já que existem outros registros da aeronave.
Como prevenção, a empresa diz ter reforçado sua segurança e restringido o acesso de seus documentos às autoridades.
Passageiros dos voos cancelados devem procurar a empresa pelo telefone 0800-601-2999.
Destroços do avião da Noar, que ia de Recife para Mossoró (RN) e caiu no bairro de Boa Viagem após decolar
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ACIDENTE
O avião bimotor da Noar, que ia de Recife (PE) para Mossoró (RN) caiu após decolar do aeroporto Gilberto Freyrena na manhã de quarta-feira (13).
Após decolar, o piloto informou à torre de controle que a aeronave apresentava problema e que iria retornar. Em seguida, ele comunicou que tentaria um pouso forçado na praia de Boa Viagem.
O avião caiu em um terreno à beira-mar cerca de três minutos depois de decolar. Com o impacto, a aeronave pegou fogo e explodiu. Dezesseis pessoas --dois tripulantes e 14 passageiros-- morreram.
A diretora do IML (Instituto Médico Legal) de Pernambuco afirmou que a maioria das vítimas do avião morreu com o impacto da queda, antes da explosão.
"As análises preliminares mostram que a maioria [das vítimas] morreu em razão de politraumatismo, e não pelo fogo", afirmou Joyse Breenzinckr.
INVESTIGAÇÃO
Os gravadores da caixa-preta do avião foram danificados pelo fogo. No entanto, o presidente da comissão que investiga o acidente no Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), coronel Fernando Silva Alves de Camargo, disse que as condições de leitura dos equipamentos ainda serão verificadas.
Também serão analisados outros materiais coletados, como motores e hélices da aeronave.
Segundo o delegado seccional de Boa Viagem, Guilherme Mesquita, responsável pelo inquérito que investiga o caso, os depoimentos de testemunhas e representantes da Noar vão começar na segunda-feira (18).
Fonte: Folha de são paulo