Equipes tiveram trabalho para apagar o fogo após os protestos em Londres
Foto:Leon Neal / AFP
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Manifestação foi por justiça após a morte de um homem baleado pela polícia
O protesto que causou os maiores distúrbios dos últimos anos no subúrbio de Londres, dois dias depois da morte de um jovem em uma ação de policiais armados, deixaram 29 feridos e terminaram com 48 detidos, informou a polícia neste domingo.
As manifestações em Tottenham, na periferia norte da capital britânica, deixaram 29 feridos, incluindo 26 policiais. Os protestos tiveram início no sábado, após uma manifestação que pedia justiça na investigação da morte de Mark Duggan, 29 anos, pai de quatro filhos, assassinado na quinta-feira por policiais armados.
A manifestação ocorria sem violência mas, pouco antes do anoitecer, dois veículos da polícia foram alvos de coquetéis molotov e pegaram fogo. Após o incidente começaram os episódios de vandalismo.
Um ônibus de dois andares e vários prédios foram incendiados. Caixas automáticos, lojas e supermercados foram saqueados. De alguns deles, pessoas encapuzadas saíam com carrinhos lotados de mercadorias, conforme imagens divulgadas pela TV britânica.
— O Aldi (um supermercado) estava em chamas e os revoltosos instalaram barricadas. Foi realmente terrível, uma loucura — declarou Stuart Radose, morador do bairro que viu seu prédio ser incendiado.
— Não resta nada, é uma loucura. Parece a Segunda Guerra Mundial, o que teria acontecido em um bombardeio — completou.
A família do jovem morto pediu calma e se mostrou contra os atos de violência.
— Não toleramos este tipo de ações. Sei que as pessoas estão frustradas, furiosas, mas peço: por favor parem — disse o irmão da vítima, Shaun Hall, ao canal Sky News.
Este episódio de violência é o mais grave registrado nos últimos anos nos subúrbios da capital britânica. Nos últimos meses, ocorreram vários protestos em alguns bairros organizados por estudantes e sindicatos.
O controle da principal rua de Tottenham foi retomado à noite com dificuldade pela polícia, que enfrentou uma multidão enfurecida que reagiu com coquetéis molotov e pedras.
— O mais importante é garantir a segurança pública. Nosso primeiro objetivo é restabelecer a normalidade — disse Stephen Watson, comandante da polícia local, que reconheceu que as forças de segurança subestimaram o potencial da violência dos incidentes.
Em 1985, violentos distúrbios também foram registrados em Tottenham, durante um protesto contra uma ação da polícia que deixara um homem ferido. Na confusão, um oficial foi morto pelos manifestantes.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, classificou os distúrbios como "inaceitáveis" e afirmou que "nada justifica o ataque à polícia e à população ou que se destrua propriedades".
David Lammy, um deputado de Tottenham, também pediu calma.
— Os que se lembram dos devastadores conflitos do passado têm que atuar com firmeza para não voltar a viver algo assim. Já temos uma família chorando uma morte e mais violência não vai aplacar a dor. A verdadeira justiça só pode ser exercida após a investigação dos fatos — declarou.
AFP