Vários familiares e amigos do agressor e da vítima juntaram-se à porta da casa de Hélder Bonito, que morreu pouco depois de ser atingido a tiro. Homicida entregou-se no posto da GNR do Cartaxo e confessou o crime.
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Os dois irmãos andavam desavindos por causa das partilhas de um terreno há anos. A última discussão terminou ontem com Hélder Bonito, de 50 anos, a ser abatido a tiro de caçadeira, em Vila Chã de Ourique, no Cartaxo, pelo irmão dez anos mais velho.
O homicida, Artur Bonito, disparou também sobre a cunhada, Luísa Isabel, de 48, que foi transportada para o Hospital de Santarém com ferimentos ligeiros nas costas e num ombro. De seguida, foi-se entregar no posto da GNR do Cartaxo, onde confessou o crime.
Fonte: Correio da manhã de Portugal
Fonte: Correio da manhã de Portugal
A discussão entre os irmãos aconteceu pelas 17h00, na garagem de uma vivenda que Hélder Bonito já não habitava há anos e que agora utilizava apenas para guardar material. Segundo um vizinho, a vítima, empresário da construção civil conhecido pelo gosto pela columbofilia, estava a reparar uma carrinha quando se desentendeu com o irmão.
O agressor reside numa casa construída num terreno ao lado, que está no centro das desavenças. As propriedades são divididas por um muro com pouco mais de um metro. A determinada altura, Artur Bonito foi a casa, pegou numa arma de caça e disparou sobre o irmão, matando-o. Alvejou ainda a cunhada, mas atingiu-a apenas de raspão.
"Eles andavam desavindos há anos e hoje [ontem] parece que foi a gota de água que causou a tragédia", disse ao CM um morador, adiantando que as discussões entre ambos por causa das partilhas do terreno eram frequentes e terão levado Hélder Bonito a construir a sua casa num terreno próximo do local onde agora se deu o crime.
"O Hélder era empreiteiro e tinha uma vida boa, estabilizada. Já o Artur, agora não fazia nada e andava aí aos tombos, metido nos copos", acrescentou uma moradora da rua D. Afonso Henriques, onde aconteceu a tragédia. O autor confesso do homicídio foi motorista de pesados, mas encontrava-se desempregado há vários meses.
BOMBEIROS AINDA TENTARAM O SALVAMENTO
Mesmo ferida com bagos de chumbo, a mulher de Hélder Bonito, Luísa Isabel, correu para a rua a pedir socorro à vizinhança. Os Bombeiros Municipais do Cartaxo foram os primeiros a chegar e encontraram o homem em paragem cardiorrespiratória, tendo efectuado manobras de suporte básico de vida, sem sucesso. O óbito foi declarado pelo médico da equipa do INEM. Hélder Bonito deixa dois filhos – uma filha militar do Exército e um filho estudante, que foram confortados por familiares e habitantes de Vila Chã de Ourique, que acorreram à vivenda do casal quando se espalhou a notícia.
"TIROU-LHE A VIDA POR UM PEDAÇO DE TERRA"
"Eu nem queria acreditar quando me telefonaram a contar o que aconteceu", disse ao CM Natália Félix, irmã de ambos, ainda bastante transtornada com os acontecimentos. Natália Félix, que é a única mulher entre sete irmãos, um já falecido, confirmou que a divisão da herança provocou desaguisados entre alguns deles. "Eu tentava dar-me bem com todos, mas sabia que eles andavam chateados um com o outro. Só nunca esperei que isto acontecesse. Ele não tinha o direito de lhe tirar a vida por causa de um pedaço de terra", afirmou. Segundo um amigo da família, Manuel Canha, os irmãos tiveram uma relação de boa vizinhança durante muitos anos. "Sei que o Hélder chegou a dar água e luz ao irmão, quando aqui morava, mas não sei por que é que se desentenderam", disse.