sexta-feira, 1 de abril de 2011

Usina nuclear acidentada no Japão oferece salário de R$ 8.000 por dia

Operadora está recrutando trabalhadores para tentar conter radiação pós-tsunami
Exército japonês escolta funcionários expostos a altos níveis de radiação na usina de Fukushima
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Na tentativa de controlar a crise nuclear na usina de Fukushima, que foi gravemente danificada pelo terremoto seguido de tsunami de 11 de março no Japão, a Tepco (companhia de energia elétrica de Tóquio) está à procura de operários dispostos a chegar cada vez mais perto da radiação que continua a sair da usina.


Os trabalhadores estariam recebendo ofertas de adicionais de insalubridade de até R$ 8.143 por dia (o equivalente a US$ 5.000 diários) para trabalhar nos reatores danificados. Esse valor é oferecido por uma fração de dia, já que os turnos de trabalho na usina estão sendo drasticamente restritos por causa da radioatividade no local.

Um funcionário da Tepco disse nesta semana que a empresa procura “saltadores” – operários dispostos a “saltar” para dentro de áreas altamente radioativas para cumprir tarefas no mínimo de tempo e sair correndo o mais rápido possível.

Às vezes um saltador pode fazer corridas múltiplas, se a dosagem radiativa cumulativa se mantém dentro de limites aceitáveis, embora o “aceitável” possa ser aberto a interpretações em ocasiões de alto risco público.



Em casos de vazamentos extremos, a radiação pode ser tão intensa que o saltador só poderá fazer uma investida desse tipo em toda sua vida, sob o risco de sofrer consequencias graves pela exposição aos altos níveis de radioatividade.

Há três semanas, os reatores da usina nuclear Fukushima, situada 240 km ao norte de Tóquio, se tornaram caldeirões explosivos de hidrogênio, vapor radioativo e água contaminada que aparentemente vazou para o oceano, onde nos últimos dias foram encontrados níveis de iodo com índices de radioatividade milhares de vezes acima do limite normal.

Trabalhadores temem ficar doentes

A Tepco disse que 18 funcionários e três empregados autônomos foram expostos a 100 milisieverts de radiação na sexta-feira (1º). A dose média para uma pessoa que trabalha em uma usina nuclear é de 50 milisieverts ao longo de cinco anos.

Na semana passada, dois operários que trabalharam no reator 3 foram hospitalizados com ferimentos depois de seus pés terem sido expostos a quantidades entre 170 e 180 milisieverts, segundo a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica, da ONU).

A empresa de energia de Tóquio anunciou nesta semana que vai fechar permanentemente pelo menos quatro dos seis reatores da usina. Mas primeiro ela precisa estabilizar e resfriar o combustível das centrais nucleares.

A empresa vem tentando desesperadamente encharcar os bastões de combustível com jatos de água e agora precisa limpar as piscinas de resfriamento contaminadas com radiação nos pisos inferiores.

Operário rejeita emprego após apelo da mulher

Indagado na última segunda-feira (28) sobre como a água contaminada poderá ser bombeada para fora e quanto tempo isso levará, um representante da Tepco respondeu que seria necessário o trabalho de alguém disposto a enfrentar situações de extremo perigo, aproximando-se dos reatores danificados.

- A bomba poderia ser ligada a partir de um gerador independente. Tudo o que alguém teria que fazer seria levar uma ponta da bomba até a água, jogá-la lá dentro e correr para fora.

Traduzindo: procuram-se saltadores..

Em entrevista à revista japonesa Weekly Post, um funcionário da Tepco da cidade de Iwaki, a 40 km de Fukushima, disse ter sido oferecido um pagamento diário de R$ 4.000, o equivalente a US$ 2.500 ou 200 mil ienes. O operário, que não quis ter o nome revelado, disse que recusou a proposta por causa dos apelos da mulher.

A relutância dos operários em entrar na usina danificada destaca um dos dilemas básicos da Tepco: ela não consegue pessoas que cheguem suficientemente perto para verificar se os esforços para resfriar os bastões de combustível estão funcionando, nem mesmo para confirmar quais são os problemas exatos que estão ocorrendo.

A maioria dos esforços da empresa tem sido de jogar água sobre os bastões de combustível expostos, numa tentativa de reduzir sua temperatura e restringir as emissões tóxicas.


Do r7.com

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