domingo, 24 de abril de 2011

A última itaporanguense virgem

Confesso que não foi fácil me privar dos prazeres da carne, mas consegui, mais uma vez, vencer as tentações dos babacas de plantão nesse último carnaval. Pulei as quatro noites de folia. Fui dois dias com minha família pra Ibiara de manhã e à noite fiquei por Itaporanga mesmo.


No primeiro dia me simpatizei com um menino daqui que estuda em João Pessoa e passei toda a festa na companhia dele. Parecia que já nos conhecíamos há muito tempo. O cara tinha um papo de derrubar avião. No começo é sempre assim: eles começam falando do que gostamos pra depois dar o bote. Mas fui vacinada por meus pais contra essas línguas interesseiras, apesar de ter apenas 16 anos.

Em seguida saímos pra parte alta da Getúlio Vargas, sentamos num banquinho e começamos a se beijar. Deliciosos beijos! Tinham sabor de quero mais. Percebendo o clima quente entre a gente, o sem vergonha não perdeu a oportunidade e me convidou para ir ao motel, só que eu disse que ele levasse a mãe dele, porque, ao contrário do que ele estava pensando, carnaval comigo não pode tudo não. Despachei o safado na hora.

Só fui ficar com alguém novamente no terceiro dia de carnaval. Modéstia à parte, o felizardo foi um ex-colega de escola. A gente estudou junto uns três anos, mas Bruno nunca teve coragem de se declarar pra mim. Só veio tomar a iniciativa depois de uns goles de cerveja. Eita homens fracos. A bebida pra eles é o motor que o encorajam a dar em cima de uma mulher. Engana-se quem pensa que a gente é sexo frágil!

Mesmo assim fiquei com ele até o último dia de carnaval. Não demos continuidade ao namoro porque ele veio com a mesma proposta de querer transar comigo. Vê se pode! Dizia que só vive pensando em mim, que sempre sonha comigo. Olhei pra cara dele e disse: te enxerga, pilantra!

Esses moleques pensam que a gente é objeto descartável pra ficar nos usando e deixando pra lá. Prefiro a castidade a ter que ficar me passando de mão em mão, como eles vivem fazendo por aí quando conseguem o que quer com essas meninas que parecem possuir o juízo entre as pernas.

Minha prima Jéssica, por exemplo, tem 17 anos e é mais rodada do que pneu velho. Ela não pode sentir um cheiro de gasolina que já sai com o primeiro dono de carro ou moto que aparece. Todo namorado que Jéssica já teve conseguiu fazer sexo com a abestalhada. Por isso mainha mandou que eu parasse de andar com ela se não eu também ia cair na boca do povo rapidinho.

Outro dia passamos por uma turminha de rapazes que estava bebendo num bar e escutei baixinho uns três deles dizendo que já tinham pegado a desorientada. Que vergonha tive na hora! Imaginei o que eles não pensaram de mim naquele momento. Nem sempre o ditado popular “Diga com quem andas que te direis quem és” corresponde à verdade.

Nós, mulheres, temos que valorizar a classe feminina. Sexo é bom, mas deve ser feito com a pessoa certa, na hora certa, e se tiver amor pelo meio é melhor ainda. Com qualquer um não dá. Sempre penso nas consequências. E geralmente as consequências aparecem, sem disfarce, na contração de uma doença sexualmente transmissível ou uma gravidez indesejada.

Se você é como Jéssica trate logo de fechar a porteira antes que a vaca vá pro brejo. A Marcinha aqui é virgem sim, e daí? Fico envaidecida de ser a última itaporanguense virgem.

 
Do blog de Isaías teixeira

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