Homens realizam o trabalho de escavação na vala encontrada com cerca de 800 corpos no Iraque
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Ministério dos Direitos Humanos acredita que restos mortais sejam de opositores de Saddam
Uma vala comum contendo os restos de mais de 800 corpos foi descoberta no oeste do Iraque nesta quinta-feira (14), de acordo com o Ministério dos Direitos Humanos daquele país. Acredita-se que muitos dos corpos sejam de adversários do ex-líder iraquiano Saddam Hussein, deposto em 2003 pelas forças dos Estados Unidos.
A cova comum, encontrada no deserto da Província de Anbar, no coração da região sunita do Iraque, contém restos mortais de curdos, xiitas, mulheres e crianças. Para o porta-voz do Ministério dos Direitos Humanos, Kamil Ameen, a cova é uma das maiores valas comuns encontradas nos últimos anos.
- A cova contém restos de pessoas de seitas diferentes. Os relatos iniciais indicam que elas teriam sido adversárias políticas. O número de corpos contabilizados até agora é 822, mas pode aumentar. Nossos técnicos prevêem que chegue a 900.
Valas comuns contendo grande número de corpos têm sido encontradas regularmente no Iraque desde a invasão liderada pelos EUA.
Acredita-se que, em muitos casos, as vítimas sejam curdos, contra os quais Saddam travou campanhas militares nas décadas de 1980 e 1990, e xiitas, que promoveram um levante em 1991.
Investigação pode levar responsáveis por mortes a julgamento
Segundo Ameen, a vala comum encontrada pode ser dos anos 1980, já que foram encontrados ao lado das vítimas um jornal governamental publicado em 1988 e remédios com data de vencimento em 1984.
Outros objetos encontrados na cova incluem páginas com orações e imagens do imã Ali, venerado pelos xiitas, além de roupas, pratos, xícaras e colheres.
Ameen disse que alguns dos corpos estavam em uniformes militares, alguns em roupas tradicionais curdas e outros em vestimentas civis.
- Esta questão é semelhante à escavação de sítios arqueológicos. Precisamos tomar cuidado com os restos mortais e os objetos, porque isso pode ajudar a identificar os corpos. Ao mesmo tempo, podemos encontrar provas que ajudem a levar os responsáveis a julgamento.
Muitos dos corpos mostravam sinais de terem recebido tiros na cabeça, e alguns dos crânios tinham sido esmagados.
Investigadores de direitos humanos iraquianos e americanos disseram, em 2003, desconfiar da existência no Iraque de até 260 valas comuns que conteriam os corpos de até 300 mil pessoas mortas durante o governo de Saddam.
Em 2003, por exemplo, foi encontrada uma cova comum contendo mais de 3.000 corpos perto da comunidade agrícola de Mahaweel, a 60 km ao sul da capital Bagdá.
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