quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Fúria toma conta de egípcios no Cairo após anúncio de Mubarak

Presidente não renuncia e transfere poderes ao vice; manifestantes vão ao Palácio Presidencial
Multidão na Praça Tahrir reage furiosa ao perceber que Mubarak não renunciará e permanecerá até setembro, quando ocorrerão as eleições. Cairo, 10 de fevereiro.
Manifestantes agitam sapatos em sinal de protesto contra a decisão de Mubarak de permanecer na presidência. Cairo, 10 de fevereiro.

Desolados, egípcios na Praça Tahrir escutam discurso de Mubarak. Cairo, 10 de fevereiro.
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CAIRO - O clima de festa que havia tomado a Praça Tahrir, no centro do Cairo, momentos antes da esperada renúncia do presidente Hosni Mubarak deu lugar a uma atmosfera de fúria e tensão. O ditador transferiu os poderes para o vice sem deixar o posto e enfureceu os manifestantes que há 18 dias pedem sua renúncia.


Os manifestantes já estão cercando o Palácio Presidencial e alguns se dirigiram à sede da televisão estatal. O Exército está no local também. Há temores de que haja violência nas próximas.


Durante toda a quinta-feira, os rumores de que Mubarak renunciaria aumentaram. O presidente do Partido Nacional Democrático (PND), a legenda do presidente, havia dito que o ditador faria um discurso importante à noite e disse que ficaria surpreso se ele permanecesse no cargo até a sexta-feira.

Centenas de milhares de egípcios se reuniram na Praça Tahrir, principal palco dos protestos, para ouvir a provável renúncia. O presidente, porém, não atendeu à principal reivindicação dos manifestantes e pode ter dado início a uma nova - e mais forte - onda de marchas contrárias ao governo.

Relatos de uma repórter da televisão Al-Jazira afirmam que "houve um momento em que a Praça estava completamente silenciosa, todos ouviam ao pronunciamento. Mas mal pode-se ouvir o fim do discurso, porque no meio dele as pessoas tinham percebido que Mubarak não renunciaria".

Após Mubarak, Suleiman fez um pronunciamento. Ele pediu aos manifestantes que voltassem para casa e para o trabalho. "Abrimos a porta para o diálogo. Chegamos a um acordo. Elaboramos um plano para atender a maioria das demandas. A porta ainda está aberta", disse. Tomados pela fúria, os egípcios seguirão desobedecendo as ordens das autoridades, como fazem desde o dia 25 de janeiro.



Fonte: O estadão

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