A irregularidade no abastecimento de água em Mossoró tem se caracterizado como um problema crônico. Vários bairros sofrem com a deficiência no sistema. E se engana quem pensa que apenas a população de áreas periféricas enfrenta os transtornos. O problema também chega aos bairros de classe média. A falta de soluções definitivas empurra a população a buscar alternativas. A primeira delas, uma forma de suprir a necessidade água através da compra de carros-pipa.
Em um dos locais onde os carros-pipa abastecem está difícil atender a demanda. "São mais de 50 carros por dia. A gente fica aqui das 5h até as 18h. Temos um poço, mas às vezes temos que dar uma parada porque a quantidade de carros é muito grande", diz Márcio Gledes, responsável pelo abastecimento. Orivaldo Ferreira estava no local desde cedo tentando comprar um carro de água para a casa de sua mãe.
"Ela tem uma lavanderia e precisa da água para pagar o aluguel. Faz uns cinco dias que não chega água. Quando saí de casa ela estava quase chorando, porque sem as lavagens ela não paga aluguel nem compra comida. Faz três dias que tento arranjar um carro-pipa e não consigo". A casa da mãe de Orivaldo fica na rua Jeremias da Rocha, no Santo Antônio. Mas na sua casa o problema se repete.
"Moro na rua Rodrigues Alves, no mesmo bairro, e o problema é igual". Para quem tem carro-pipa a situação também não é fácil. Somente ontem Edir Queiroz tinha dez entregas de pedidos de água para residências e empresas. "Alguns desses pedidos são do dia anterior que eu não consegui atender". A população além de pagar a conta mensal está pagando entre R$ 70 e R$ 80 por sete mil litros de água.
APELO
Cansado de buscar soluções para o problema, um morador do bairro Walfredo Gurgel, Nicácio Lázaro, escreveu uma carta de apelo à redação do O Mossoroense. Logo nas primeiras linhas ele pede apoio. "Vamos gente, todo unidos para fazer um pedido ao governador para acabar com o problema d'água em Mossoró porque a população já não aguenta mais".
Numa tentativa desesperada, ele sugere a resolução do problema através da perfuração de novos poços. "Não é trocar cano que vai melhorar. Furaram poços na década de 1960 e 1970 e nunca mais foi furado", diz o morador. O bairro onde Lázaro mora é um dos que mais sofrem com a escassez de água.
"Precisamos fazer uma manifestação aos governantes, à prefeitura, deputados estaduais e federais, pois eles têm o poder de adquirir verbas para perfurar novos poços na cidade". O gerente da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern), João Maria, comentou que os bairros onde os problemas são relatados são os mesmos. "Principalmente o grande Alto de São Manoel, conjuntos Abolição e também no Centro".
Segundo ele, o problema na adutora que desencadeou os transtornos desde a última sexta-feira só foi solucionado na noite de terça-feira. "O abastecimento só não foi normalizado de imediato porque os canos de Assú a Mossoró estavam sem água e precisavam ser abastecidos novamente". Os problemas de abastecimento que ainda afligem a população, conforme o gerente, devem ser resolvidos com o início das atividades do Poço P-27, localizado no Alto da Pelonha.
"Os bairros precisam ser atendidos por esse poço. Há oito dias já estávamos fazendo testes na bomba que já estava instalada. O problema é que o motor da bomba nova queimou durante os testes. Estamos fazendo a manutenção de um outro motor que estava guardado. Agora estamos aguardando que a manutenção seja concluída. A expectativa é que dentro de quinze dias ele estará pronto e esse problema de falta d'água finalmente irá acabar", garante João Maria.
Obs: Um vergonha para a segunda maior cidade do RN.
Do Jornal o Mossoroense
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