O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira, em entrevista ao portal "Terra", que a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra jogou fora a chance de ser "uma grande funcionária pública no país".
Erenice deixou o governo após reportagem publicada pela Folha na qual sócios da empresa EDRB, de Campinas (SP), acusam seu filho Israel e um assessor de pedir R$ 240 mil mais 5% de comissão para agilizar a liberação de crédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
A revista "Veja" também trouxe reportagem que aponta que o filho de Erenice e a empresa Capital Assessoria e Consultoria Empresarial, à qual é ligado, fizeram lobby para ajudar a MTA a obter a renovação de uma concessão da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
"Se alguém acha que pode chegar aqui e se servir, sabe, cai do cavalo. Porque a pessoa pode me enganar um dia, pode me enganar, sabe, mas a pessoa não engana todo mundo todo tempo. E quando acontece, a pessoa perde. O que aconteceu com a Erenice é que ela jogou fora uma chance extraordinária de ser uma grande funcionária pública deste país", disse Lula na entrevista.
O presidente, no entanto, adotou uma posição de cautela diante das acusações. "Eu sempre admito de que muitas vezes tem coisas que você tem que investigar. O que eu acho é que toda notícia de denúncia ela vem como se fosse uma feijoada. Depois que você faz um processo de investigação, escolhe o que você quer ali, você vai perceber que a quantidade de coisas, você vai perceber o que é cada um. Tem coisa que tem dimensão séria, tem coisa que é boato, especulação, tem coisa que não tem profundidade. Então, qual é o papel de um presidente da República? Ou seja, na hora que você sabe de uma situação dessa, a primeira coisa que você faz é criar uma sindicância interna, ou seja, a CGU, a Casa Civil começa a investigar e a Polícia Federal abre inquérito. A partir desse momento, o presidente da República fecha a boca, certo? Porque, a partir daí, não pode ter mais nenhuma influência do governo no processo de investigação. Quando tiver resultado de todas as pessoas darem depoimento, aí você então comunica a sociedade o que aconteceu de fato e de direito."
Lula disse acreditar que o caso Erenice não vá influenciar no resultado eleitoral. "Tem uma coisa que as pessoas precisam começar a aprender. Se essas denúncias são manipuladas eleitoralmente, o povo percebe. Mesmo aquilo que seja verdadeiro, o povo percebe. Agora, o povo aprendeu a julgar, isso é uma coisa interessante. Porque o povo tem acesso à informação que ele não tinha antes. Hoje, eu acho que a internet joga um papel extraordinário. Eu digo pelos meus filhos."
O presidente também falou sobre a atual situação do maior adversário de Dilma na disputa, o tucano José Serra. "O Serra está hoje na situação que eu estive nas duas eleições que perdi. O Serra foi candidato contra mim em 2002, quando o povo queria mudança e eu era mudança e ele, situação. Agora, ele quer mudança quando o povo quer continuidade. Então, foram dois momentos muito delicados. A mesma coisa fui eu. Fui candidato contra o Plano Real e era um massacre."
INTERNET
Lula afirmou que será um "internauta vigoroso" a partir de 1º de janeiro.
No entanto, para ele, o Twitter é uma "escravização". "Tem gente que acorda duas horas da manhã para ficar twittando. Tem gente que levanta para falar: ai, acordei, perdi o sono. O que eu tenho a ver com isso? Vai dormir, pô!"
Ele disse que dá bronca em ministros por causa do microblog. "Às vezes, você está em um comício, o cara está tuitando lá, o cara nem prestou atenção, já pensou jogador de bola se estiver tuitando e a bola passar do lado dele... (rs) Acho um absurdo, acho uma escravização."
Folha de São Paulo
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