terça-feira, 31 de agosto de 2010

Caso Mércia Nakashima

Perícia encontra alga do local onde Mércia foi assassinada em sapato de Mizael


Foi entregue à Polícia Civil de São Paulo e ao Ministério Público o laudo pericial sobre a morte da advogada Mércia Nakashima. A principal evidência apresentada no documento é uma alga encontrada em um sapato de Mizael Bispo de Souza, ex-namorado da jovem, que seria compatível com alga presente na represa de Nazaré Paulista (64 km de SP), local onde o corpo dela foi encontrado, em 10 de junho.


De acordo com o perito Renato Pattoli, do Instituto de Criminalística, essa nova evidência dá certeza de que aquele sapato foi usado por alguém que colocou o pé na água da represa, mas não é possível confirmar se foi usado por Mizael.


Ao todo, dois pares de sapatos foram apreendidos na casa do ex-namorado de Mércia, que é apontado como o principal suspeito do crime. Ainda segundo o perito, os sapatos estavam limpos, aparentando terem sido lavados. Mesmo assim, um exame microscópico encontrou a alga.

Pattoli afirmou que a planta foi analisada por um especialista em botânica da USP (Universidade de São Paulo) e destacou que ela pode ser encontrada em outras represas de São Paulo, mas não seria comum.


Além da alga, foram encontrados na sola do sapato resíduos de chumbo compatíveis com a bala que feriu Mércia, uma mancha de sangue e um pedaço de osso. Apesar disso, a perícia não conseguiu fazer um exame de DNA para determinar se o sangue era humano ou se o osso era da advogada.

Ainda de acordo com o laudo, Mércia foi atingida por disparos dentro do veículo e o carro foi empurrado para dentro da represa, onde a advogada morreu afogada. O autor do crime estaria no banco do passageiro, e a advogada no banco do motorista, que estava ajustado de forma compatível a sua altura. Com a conclusão do laudo pericial, está concluída a análise do carro de Mércia.

Apenas um laudo complementar ainda deve ser entregue à parte, para determinar as razões que fizeram a capota do carro afundar tão rapidamente. Não há uma data exata para a entrega desse laudo, mas deve ser até o fim desta semana.

O perito Pattoli afirmou nesta terça-feira que o laudo poderá ser questionado pela defesa, que deve ainda contratar um outro perito para realizar uma nova análise. "O laudo deve mesmo ser questionado. O importante não é laudo, é a verdade", destacou Pattoli.

O advogado Samir Haddad Júnior, que defende Mizael, afirmou que não há elemento científico que prove nada contra seu cliente. "Mais uma vez estão tentando forçar a barra. Não há como provar que não existem algas como essa em outras represas", afirmou. "Lamento que não tenha nenhuma prova contundente e eles continuem acusando o Mizael".

CASO

O carro da advogada foi encontrado no dia 10 de junho em uma represa em Nazaré Paulista (64 km de SP), após indicação de um homem que viu o veículo ser empurrado enquanto pescava. No dia seguinte seu corpo foi encontrado no mesmo local, após ela ter ficado desaparecida por 17 dias.

Mizael foi acusado de homicídio triplamente qualificado, mas desde o início das investigações nega qualquer envolvimento com o crime. O vigia Evandro Bezerra da Silva, acusado pela polícia de ajudar Mizael, foi denunciado por homicídio duplamente qualificado.

Silva chegou a falar, em depoimento à polícia, que combinou de ir buscar Mizael na represa de Nazaré Paulista no dia 23 de maio --data de desaparecimento de Mércia--, mas depois mudou a versão e negou envolvimento com o crime.

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