segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Vereador trabalha só de cueca em Câmara de BH


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A Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) pode abrir processo por quebra de decoro parlamentar contra o vereador Gêra Ornelas (PSB), que aparece despachando em seu gabinete de cueca samba-canção. Ornelas também aparece acariciando os cabelos de uma mulher que aparenta ter boletos de cobrança nas mãos. As imagens foram feitas pelo próprio parlamentar, que usa uma caixa de papelão para camuflar a câmera, e fazem parte de um processo por improbidade administrativa movido contra Ornelas pelo Ministério Público Estadual (MPE).


O vídeo, divulgado pelo jornal Hoje em Dia, foi entregue aos promotores por um ex-assessor do socialista, que acusa o vereador de exigir parte do salário do então funcionário para mantê-lo trabalhando no gabinete. O parlamentar está no quarto mandato e a ação civil pública foi encaminhada ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).

No processo, o MPE acusa Ornelas de receber indevidamente pouco mais de R$ 600 mil. Durante as investigações, os promotores conseguiram na Justiça a quebra do sigilo bancário do vereador e constataram que o dinheiro foi depositado diretamente em sua conta. No depoimento prestado ao MPE, o parlamentar não conseguiu explicar a origem dos recursos e os promotores pedem à Justiça seu afastamento, bem como o sequestro de bens de Ornelas e a devolução dos valores, que teriam sido fruto de propinas.

Mas, além da questão legal, as atitudes de Ornelas também devem ter desdobramentos políticos, principalmente por causa das imagens do parlamentar despachando de cuecas em seu gabinete. A mesa diretora da CMBH encaminhou representação ao corregedor, vereador Edinho Ribeiro (PTdoB) para que o caso seja apurado.

“Foi desrespeitosa a atitude do vereador. Vamos tratar (a questão) com muita seriedade, mas ele (Gêra Ornelas) terá amplo direito de defesa”, afirmou Ribeiro. “Nós precisamos agora ver os autos dessa investigação. Precisamos que o Ministério Público nos envie esses autos”, acrescentou o vereador, que assumiu, porém, não ter feito requisição oficial da documentação ao MPE.

O Estado tentou falar com Gêra Ornelas, mas ele não foi encontrado. O advogado do vereador, Francisco Patente, atendeu a ligação, mas pediu que a reportagem ligasse um pouco mais tarde pois não poderia falar no momento. Depois, o telefone permaneceu desligado e, até o fechamento dessa edição, ele não havia retornado os recados deixados em sua caixa postal.



Fonte: Radar Político, do Estadão


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