Carlos Marcano de Sá e Jorge Nuno de Sá (dir.) casaram em Janeiro deste ano
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Agressões: Ex-deputado social-democrata acusado de agredir marido
Jorge Nuno de Sá foi o primeiro político português a celebrar um casamento homossexual e agora vê o seu percurso prejudicado por uma alegada agressão ao seu marido, o venezuelano Carlos Eduardo Yanez Marcano de Sá. Para o ex-deputado do PSD, de 33 anos, que se casou em Janeiro passado, trata-se de uma tentativa de destruir o seu nome numa altura em que terá sido convidado para um cargo público. Em causa está a denúncia de Carlos Marcano de Sá, de 25 anos, à PSP de Benfica, no passado dia 12 de Junho, segundo a qual Jorge Nuno de Sá o terá tentado asfixiar.
"Não falo sobre a minha vida privada. Nunca agredi ninguém", afirmou ao CM o antigo líder da Juventude Social Democrata, garantindo não ter sido "notificado por nada, nem por ninguém, desde que a queixa foi apresentada".
A revelação deste caso provoca alguma estranheza em Jorge Nuno de Sá, funcionário da Freguesia de Alcântara, até porque a queixa às autoridades aconteceu há cerca de um mês. Sabe o CM que o social-democrata teria sido convidado nesta semana para um cargo público, convite que foi entretanto recusado. "Isto é um exemplo de como se destrói ou tenta destruir o nome de uma pessoa. Há aqui demasiadas coincidências em todo este processo", acrescentou o ex-deputado do PSD.
Neste momento, o casal enfrenta um processo de divórcio litigioso. Jorge Nuno de Sá e Carlos Marcano de Sá conheceram-se em Cuba, num momento complicado na vida de ambos. Os dois acompanhavam familiares a recuperar de doenças prolongadas. Mais tarde, Carlos muda-se para Portugal, acabando por casar com Jorge em Janeiro deste ano. Aquando da cerimónia, Carlos assume o sobrenome Sá, do ex--deputado.
"É UMA LUTA PELO PODER": José Carlos Garrucho, Psicólogo da família
Correio da Manhã - Há diferença na violência entre casais hetero e homossexuais?
- A relação conjugal cria tensões. Quando um elemento tenta sobrepor-se ao outro, há uma reacção. Isto é igual para as duas situações.
- O que está em causa?
- A violência surge quando a luta pelo poder na relação deixa de ser pacífica e há uma reacção violenta.
- As ameaças diferem?
- As ameaças não são diferentes na relação hetero e homossexual. Num casal do mesmo sexo, há sempre quem seja mais masculino e mais feminino, tal como em relações hetero.
As associações LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgénero) defendem que o registo das queixas de violência doméstica façam a distinção entre casais hetero e homossexuais. A APAV não o faz e, segundo Daniel Cotrim, técnico da associação, até será inconstitucional. "Sem conhecer a dimensão do fenómeno, não podemos direccionar as campanhas de sensibilização", disse ao CM Paulo Côrte-Real, da associação ILGA. A Opus Gay já tem projectos para a área da estatística.
TERESA E HELENA FORAM PIONEIRAS
Teresa Pires e Helena Paixão foram as primeiras pessoas do mesmo sexo a casarem em Portugal. Em Junho de 2010, deram o nó na Conservatória do Registo Civil em Lisboa. Cada uma tem uma filha de relações anteriores.
CINCO CASAIS JÁ SE DIVORCIARAM
Desde a entrada em vigor da lei que permite o casamento homossexual, em Junho de 2010, o Ministério da Justiça registou cinco divórcios entre pessoas do mesmo sexo. Destes, três foram de casamentos entre homens - Lisboa, Almada e Montemor-o--Novo - e dois de casamentos entre mulheres: Montijo e Velas (Açores). No total foram realizados 440 casamentos homossexuais, dos quais 308 masculinos e 132 femininos. Lisboa é a cidade onde se realizaram mais casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
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