segunda-feira, 29 de novembro de 2010

PM faz varredura no Complexo do Alemão; moradores ainda estão sem água e sem luz

Polícia exibe armas, apreendidas no morro do Alemão/RJ
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Apesar do clima de aparente tranquilidade, a polícia ainda realiza nesta segunda-feira uma cuidadosa operação de varredura nas casas dos moradores do Complexo do Alemão, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB) afirmou hoje que já existe um acordo entre o governo do Estado e o Ministério da Defesa para que o Exército policie os recém-reconquistados territórios da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão até que seja possível instalar duas UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) nas comunidades.

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Alguns moradores se queixam de que estão tendo de jogar fora a comida que estragou na geladeira, já que, desde sábado (27), grande parte do conjunto de favelas do Alemão está sem energia elétrica.

Pai de duas meninas de 13 e 14 anos e de um bebê de 5 meses, o morador Alessandro Ferreira, 32 anos, conta que, devido à ocupação da favela, teve de faltar ao trabalho por dois dias. O pintor deixou de trabalhar na manhã de hoje para tentar providenciar água. "A gente quer ver se o fornecimento de água e de luz melhora, para que a gente volte a ter a nossa vida normal. Assim está difícil", reclamou.
Segundo ele, a situação é pior à noite, por causa do calor. Os moradores também sofrem com a falta de luz desde sábado.
Em nota, a Light, concessionária de energia elétrica, informa que os técnicos continuam trabalhando para restabelecer completamente o fornecimento de energia em algumas localidades do Complexo do Alemão e da Vila Cruzeiro, "mas seguindo as orientações da Secretaria Estadual de Segurança do Rio de Janeiro".
Com o apoio das Forças Armadas, a polícia ocupou o Complexo do Alemão praticamente sem resistência dos traficantes na manhã de domingo (28), após uma série de atentados ocorridos na cidade desde o dia 21, com 106 veículos queimados, atribuídos justamente a uma resistência dos criminosos à instalação de UPPs em 13 favelas cariocas. Moradores que entram na comunidade e deixam o local, assim como motos e carros, continuam sendo revistados.
BALANÇO
As operações nos morros e favelas começaram após uma série de ataques e incêndios a veículos. Até a tarde desta segunda-feira, havia o registro de pelo menos 51 mortos durante as operações policiais para conter a onda de violência. Deste total, foram 37 mortes de suspeitos registradas pela PM, 7 mortes registrados pela Polícia Civil e 7 registradas pelos hospitais públicos do Rio.
A Polícia Civil fez na manhã de hoje mais apreensões no Complexo do Alemão. Foram apreendidos 45 kg de maconha, 1 kg de crack, balanças de precisão, máquinas caça-níqueis e motocicletas.
Balanço divulgado domingo (28) aponta que a polícia já apreendeu cerca de 40 toneladas de maconha, 200 kg de cocaína, 10 kg de crack, 500 frascos de lança-perfume, 10 mil munições de diversos calibres, 50 coletes à prova de bala, 16 metralhadores e 50 fuzis.
OCUPAÇÃO
Segundo o governador Sérgio Cabral, a solicitação ao Ministério da Defesa para a permanência dos militares, quando formalizada, deve requisitar as tropas por um período de 6 a 7 meses.
A previsão é que as duas UPPs mobilizem entre 2.000 e 3.000 homens da Polícia Militar, a serem escolhidos entre os 7.000 novos policiais que se formarão em 2011.
A função do Exército, diz Cabral, será "um policiamento ofensivo permanente" na fase de transição até a implantação das UPPs. Em outras comunidades já pacificadas, essa tarefa coube ao Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais da Polícia Militar).
A função do Exército, diz Cabral, será "um policiamento ofensivo permanente" na fase de transição até a implantação das UPPs. Em outras comunidades já pacificadas, essa tarefa coube ao Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais da Polícia Militar).



Da Folha de São Paulo

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