*
Ex-governador e senador eleito por Minas Gerais, Aécio Neves reagiu, nesta terça-feira (23), às declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na noite passada. FHC criticou a expressão “refundação” do PSDB, lançada por Aécio, que tem claras intenções de assumir a liderança da legenda e defende mudanças profundas na direção do partido. FHC o corrigiu, dizendo que o termo é “muito forte”.
“Todos os partidos, num certo sentido, estão todo o tempo se renovando. Mas refundação acho que é uma expressão muito forte”, disse FHC após palestra em um fórum do Instituto de Estudos Empresariais (IEE), na capital mineira.
A interlocutores, Aécio teria dito que a situação dos tucanos ficará cada vez mais difícil na medida em que os principais líderes da agremiação não percebem a extensão dos resultados das urnas, em outubro último.
Ao contrário do que os principais críticos da candidatura derrotada de José Serra têm apregoado, FHC tenta encerrar a disputa que dividiu a principal legenda da direita no país. Questionado se Aécio não teria mais condições de vencer Dilma Rousseff (PT) na disputa pela Presidência da República do que Serra, FHC desconversou:
“Eu tenho uma ligação muito profunda com o Serra e o Aécio. Então para mim é sempre difícil falar sobre qualquer um dos dois”, disse.
Em Minas Gerais, onde Aécio foi eleito com uma margem histórica de votos, capaz de garantir a vitória do governador Antonio Anastasia (PSDB), José Serra perdeu com uma margem de mais de 3 milhões de votos para Dilma Rousseff.
Briga interna e busca de filiados
A troca de farpas entre Aécio e a “turma do Serra” começa a deixar clara a disputa interna do PSDB.
Para tentar evitar um confronto aberto com consequências irreversíveis, é possível que o senador Sérgio Guerra (PE) seja mantido na presidência do PSDB na convenção de maio próximo, tendo em vista seu bom trânsito com as duas alas tucanas.
Em entrevista recente ao jornal Estado de S. Paulo, Guerra disse que, após amargar a terceira derrota consecutiva na disputa presidencial, o PSDB avalia agora que o partido precisa de uma base de filiados “real”, “de verdade”. “O PSDB precisa ter filiados vivos, ativos, participantes”, disse o presidente da legenda.
Guerra afirmou que, sem um quadro “seguro” de filiados, o partido nem sequer pode pensar em prévias partidárias para as eleições presidenciais de 2014.
“Falar de prévias sem filiados é conversa fiada”, completou.
Cauteloso para não alimentar mais polêmica interna, o senador evita falar sobre a sucessão. “É uma completa dor de barriga, uma cólica desnecessária começar a discutir como será 2014″, desconversou.
Já sobre a “refundação” do PSDB, Guerra preferiu usar o termo “reestruturação”. “A primeira coisa é encontrar canais de comunicação com os setores que votaram em nós. E nesse aspecto a capacidade do PSDB é mínima. Isso pressupõe atualização do programa, no qual se confirme sua história e que tenha capacidade de lançar novas propostas para que a diferenciação entre o que somos e o que é o PT fique evidente e para que se tenha a confirmação de uma identidade firme, sem vacilação. Uma reestruturação organizacional pressupõe a confirmação do partido em todos os municípios e, de maneira especial, onde se mostrou fraco”, disse Guerra.
Com agências
Nenhum comentário:
Postar um comentário