chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, disse nesta terça-feira que os petistas Gilberto Souza Amarante, servidor da Receita Federal de Formiga (MG), e Antonio Carlos Atella Ferreira, envolvidos com a quebra do sigilo fiscal de tucanos, têm "tênue ligação com o partido."
"São filiados na base, lá em baixo, que nunca participaram de nenhuma direção e um deles nem lembrava que era filiado [ao PT]. Transformar isso em petista, querer contaminar o partido com isso é no mínimo má vontade, má-fé", disse Carvalho, após assistir ao desfile do Sete de Setembro, em Brasília, ao lado do presidente Lula. Ele defendeu, entretanto, a expulsão dos dois do partido caso seja confirmado que cometeram crime.
Ele disse ainda que é "absolutamente dentro da possibilidade" que "algum católico, algum membro de outro partido ou do PT" cometa algum erro.
A direção do PT havia informado que a filiação de Atella, pivô da quebra de sigilo fiscal de Veronica Serra, filha do candidato tucano à Presidência, José Serra, não tinha sido efetivada por erro de grafia de seu nome. Porém, documentos de cartórios eleitorais desmentem a versão apresentada pelo partido. Familiares de Atella são militantes históricos do PT. Sua irmã, Neuza Maria Ferreira Jaroletto, é filiada desde 1981 e casada com um dos fundadores do partido em Mauá (SP).
Carvalho também criticou a campanha do adversário José Serra (PSDB) por imputar, sem provas, o mando das violações ao comando da campanha da petista Dilma Rousseff. Atacou também a imprensa por, segundo ele, tratar de maneira "desigual" casos de quebra de sigilo que tiveram como vítimas tucanos e petistas.
"Tem um tratamento absolutamente desigual do que se faz. Nós estamos tranquilos porque nunca, nunca, pela luz dos olhos dos meus filhos, passou pela cabeça da campanha de Dilma qualquer tipo de montagem dessa natureza", disse ele.
ARMADILHA
O chefe de gabinete qualificou de "armadilha" a tática dos adversários tucanos de explorar eleitoralmente a violação do sigilo, mas apontou que os eleitores não vão cair nela porque têm "juízo e bom-senso." Ele também disse que Serra e o PSDB cometem "crime" ao atribuir o ato à campanha petista.
"Isso é um crime, uma irresponsabilidade, o que estão fazendo com Dilma e conosco", disse. "Não vamos levar essa pecha para casa, de jeito nenhum. E a verdade vai aparecer. Se houve petistas da base envolvidos, que paguem. Mas não pode imputar à campanha da Dilma."
Carvalho disse que as denúncias são "uma bala de prata" e uma "bala perdida" numa "guerra entre eles mesmos [os tucanos]", mas afirmou que não faria acusações antecipadas para "não cometer a mesma irresponsabilidade" dos tucanos. Ele também lamentou o destaque dado pela imprensa ao caso.
"Eu lamento muito que a imprensa dê tanto espaço para um fato dessa natureza. Nós temos que discutir o país e não um episódio que não há prova até agora que incrimine qualquer pessoa da campanha da Dilma."
Folha Online
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